Trabalhar com informática e tecnologia tem virado um grande desejo para quem está começando ou trocando de profissão, afinal, a área não para de crescer. E nem poderia ser diferente, tendo em vista que o uso da internet no país está cada vez mais alto.
Com a pandemia de coronavírus – e principalmente com o isolamento social – o Brasil chegou a mais de 152 milhões de usuários na internet, o que corresponde a 81% da população com mais de 10 anos.
Esse crescimento do uso da internet fez com que algumas áreas se destacassem, como:
- redes sociais;
- comércio online (e-commerce);
- estudo e trabalho virtual.
Todas essas mudanças no nosso cotidiano, que ganha um caráter cada vez mais digital, pressionam as tecnologias a crescer e se adaptar. As cobranças das empresas e do público se tornam maiores, carecendo de profissionais extremamente qualificados.
No meio dos conhecimentos que sempre se mantêm em alta, existem dois gigantes: linguagens de programação e banco de dados. Nesse texto iremos aprender sobre SQL, que faz uma junção perfeita destes dois assuntos.
Aqui nós veremos o que é, para que serve, seu surgimento, alguns comandos e como aprender. Continue conosco e faça uma boa leitura!
O que é SQL?
SQL vem do inglês Structured Query Language, que significa Linguagem de Consulta Estruturada. É uma ferramenta pensada para trabalhar com banco de dados, consultando, analisando e manuseando a informação.
Quando falamos de SQL, também estamos diante de uma linguagem de programação, só que com uma abordagem que se afasta das demais. Aqui, não pensamos na criação de sites e softwares que dialogam com os usuários, e sim em uma tarefa específica e interna, que é lidar com banco de dados.
Tratando de banco de dados, o SQL é a linguagem mais utilizada no mundo. Entretanto, para conhecer melhor este recurso, precisamos destrinchar esses dois conceitos tão ligados à ele.
O que é uma linguagem de programação?
A linguagem de programação é um conjunto de códigos e comandos que constrói um software, determinando funções e ações para ele. Nesse contexto, existem muitas linguagens presentes no mercado, que podem criar os mais diversos aplicativos que temos hoje em dia.
De acordo com o que já foi visto aqui, SQL é uma linguagem com uma função típica. Seu trabalho é voltado para os bancos de dados; desenvolvendo, dentro deles, diversos papéis.
E o banco de dados, o que é?
Como o nome já indica, banco de dados é uma estrutura na qual as informações relevantes para uma empresa (ou até mesmo uma pessoa natural) ficam guardadas. O trabalho vai bem além de apenas armazenar os dados, afinal, para apresentar valor, eles precisam ser tratados.
Assim, dentro da ciência de dados, você percebe que os dados passam por diversas etapas até que possam ser de fato aproveitados. São elas:
- coleta de dados;
- mineração de dados;
- modelagem de dados;
- processamento de dados;
- análise de dados;
- armazenamento, etc.
Como uma linguagem de programação, o SQL trabalha determinando o que se pode fazer neste banco de dados. A importância dele acompanha a das informações para os negócios, com o mundo de possibilidades que elas abrem. Somado a isso, temos que o SQL é a linguagem mais utilizada no mundo para essa função.
Por fim, é preciso falar sobre os dois grandes grupos de banco de dados: os relacionais e os não-relacionais. O primeiro grupo trata das informações que podem ser apresentadas em tabelas, ou seja, linhas e colunas.
O segundo trabalha com os elementos que não podem ser organizados em tabelas, como vídeos, gráficos, áudio e etc. Os relacionais possuem esse nome por causa da capacidade de realizar associações específicas entre as informações. Assim, o SQL trabalha com esse tipo de banco de dados.
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Como surgiu o SQL?
Com o intuito de deixar o uso dos bancos de dados mais prático, no começo da década de 70, Raymond Boyce e Donald Chamberlin, pesquisadores da IBM criaram o SQL. A linguagem, que inicialmente se chamava SEQUEL (Structured English Query Language), auxiliava na manipulação dos dados do System R.
A linguagem de programação fez sucesso rapidamente, com cada empresa criando uma variação dela para atender suas demandas. Uma delas foi a Relational Software Inc (conhecida atualmente como Oracle), que apresentou a primeira alternativa comercialmente disponível do SQL
Na sequência, foram criadas tantas versões que o SQL precisou ser padronizado. Por isso, em 1986, o American National Standards Institute (ANSI) e o International Organization for Standardization (ISO) alinharam a linguagem.
Para que serve o SQL?
De maneira geral, o SQL serve para trabalhar com bancos de dados. Quando estamos diante de um banco de dados que apresenta as informações em forma de tabelas, a linguagem nos permite fazer alterações e consultas, tendo como suas funções mais simples:
- atualizar (update);
- excluir (delete);
- inserir (insert); e
- pesquisar (search).
Existem também as funções mais complexas que o SQL pode desempenhar, que com certeza entrarão na vida do desenvolvedor à medida em que ele for se aprofundando na área.
Assim, com o crescimento do uso de dados e o big data se tornando uma imensa tendência na tecnologia, vale cada mais a pena conhecer a linguagem e descobrir onde utilizá-la.
Quais são os subgrupos do SQL e seus comandos básicos?
SQL ganha muito em relação às outras linguagens de programação pois sua estrutura é extremamente bem determinada. Essa é uma de suas características fundamentais, que mantêm uma organização que ajuda bastante o serviço do desenvolvedor.
Tal estrutura é formada por 5 subconjuntos, sendo que cada um possui comandos e objetivos específicos, de acordo com sua função. Para que você possa compreender melhor esta estrutura, iremos tratar destes subgrupos a seguir. Confira!
DQL
É a linguagem de consulta de dados (do inglês, Data Query Language) e, como o próprio nome indica, serve para checar os dados na tabela. Conta com apenas um comando, entretanto, se trata do mais utilizado, o SELECT, que você verá agora.
- SELECT
Ele recupera os dados de um lugar e apresenta em uma nova tabela, com os resultados. Essa consulta pode ser realizada de forma simples ou com mais complexidade, dependendo das especificações da programação.
DML
Data Manipulation Language, traduzida como linguagem de manipulação de dados, é o grupo responsável pelo manuseio das informações. Sua estrutura conta com três comandos muito importantes para o banco de dados, sendo eles:
- DELETE
Usado para definir os dados que serão excluídos em uma tabela ou mais. Ele pode ser utilizado para apagar todas as linhas ou com uma cláusula, que irá especificar o que será removido.
- INSERT
Fazendo o oposto do delete, aqui os dados serão incluídos em uma ou mais tabelas. A palavra INTO deve ser escrita depois do INSERT para que a sintaxe da linguagem esteja correta.
- UPDATE
Com o update, é possível atualizar os dados em uma ou mais tabelas. Se for utilizado com a cláusula WHERE (onde, em portugês), irá localizar o dado específico que será atualizado, se não for, irá aplicar o comando para todos os registros.
Leia também: Saiba qual é a melhor linguagem de programação para iniciantes e qual curso fazer
DDL
A linguagem de definição de dados, originalmente, do inglês, Data Definition Language, estabelece as formas de modificar a estrutura do banco de dados. Seus comandos são bem parecidos com os do DML, sendo um utilizado sobre as informações e o outro sobre a própria estrutura do sistema. Veja agora as possibilidades:
- ALTER
O alter serve para alterar a estrutura já existente da tabela. Se essa alteração consistir em inserir ou excluir alguma tabela, por exemplo, ele deverá ser usado junto com o create ou o drop, que iremos ver mais a frente.
- COMMENT
Realiza comentários na tabela, apresentando informações relevantes para quem a consulta. Pode ser inserido com dois traços (- -), fazendo uma observação de uma linha, ou por barra e asterisco (/*) para abrir o comentário e asterisco e barra (*/) para fechá-lo, usado para frases maiores.
- CREATE
De acordo com o nome, cria novos objetos. É possível construir novas tabelas e até mesmo bancos de dados completamente vazios.
- DROP
Fazendo o oposto do create, o drop remove elementos no banco de dados. Ao excluir uma tabela, será apagada cada linha, índices e privilégios ali contidos.
- RENAME
Sem muito mistério, esse comando renomeia um objeto. É necessário apenas indicar o nome do elemento e qual será o seu novo.
- TRUNCATE
Serve para excluir o conteúdo completo presente em uma tabela, retornando para seu estágio inicial. É um comando que deve ser bem pensado, afinal, seu resultado é permanente, ou seja, não pode ser revertido.
DCL
A linguagem de controle de dados (originalmente Data Control Language) trabalha em cima do acesso ao banco de dados. É o DCL que determina quem pode checar as informações presentes nas tabelas, utilizando seus dois comandos para dar privilégios ou retirar permissões.
- GRANT
Permite o acesso aos objetos do banco de dados para algum usuário específico. Antes do nome de quem receberá o privilégio virá a palavra TO.
- REVOKE
Faz o contrário do grant, retirando os privilégios de um usuário. Para essa operação, será inserida a palavra FROM antes do nome do usuário.
DTL
A linguagem de transação de dados – Data Transaction Language, do inglês – estabelece comandos que trabalham com alterações na tabela, como iniciar, desfazer e confirmar. Também é conhecida como TCL (Transaction Control Language, ou linguagem de controle de transação).
- BEGIN/SET TRANSACTION
É utilizado para dar início a uma transação, ou seja, deve vir no começo do código para mostrar que tudo que virá abaixo faz parte da transação. A diferença entre os dois comandos é que o set pode estabelecer especificações que o begin não apresenta.
- COMMIT
Indo no oposto do begin ou set, o commit finaliza uma transação. Com esse comando, tudo que foi determinado após o anterior será devidamente salvo.
- ROLLBACK
Importantíssimo em situações de erro, o rollback reverte o que foi feito em uma transação. Ele funciona recuperando o banco de dados da forma que era antes do último commit ter sido incluído.
- SAVEPOINT
Define um ponto na transação onde tudo o que vem antes dele não poderá ser excluído, protegendo do efeito do rollback. Essa é uma medida de segurança que permite delimitar o que não poderá ser deletado do banco de dados.
Como está o mercado de trabalho para a área?
Felizmente, quem aposta em aprender SQL e trabalhar com banco de dados tem um futuro assegurado pela frente. Qualquer empresa que pretende crescer e se destacar sabe que as informações são essenciais para desenvolver uma boa estratégia de negócio, devendo, por isso, manter um banco de dados funcional.
Como os bancos de dados estão sendo cada vez mais implementados em diferentes empresas, as opções de trabalho com SQL são vastas. Veja agora algumas das profissões que utilizam essa linguagem em seu cotidiano:
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Analista de dados
É o profissional que trabalha verificando grandes quantidades de dados para localizar possíveis insights que impulsionarão um empreendimento. A linguagem é fundamental para acessar, analisar e trabalhar em cima das informações, ainda mais com o crescimento do big data.
Ao focar nessa carreira, o trabalhador irá encontrar remunerações confortáveis, com uma média bem interessante. Veja agora alguns números retirados de grandes sites de emprego:
- R$ 4.375,00, de acordo com a glassdoor;
- R$ 3.370,00, com os números da jobbydoo;
- R$ 3.094,00, indicado pelo site vagas; e
- R$ 3.776,00, segundo o indeed.
Database administrator (DBA)
É o grande responsável por cuidar de um banco de dados dentro de uma empresa, controlando o armazenamento, a organização e o gerenciamento das informações. Como se trata de um cargo com muita importância e responsabilidades, é imprescindível estar bem preparado.
O salário, logicamente, também é mais alto. Veja agora alguns números:
- R$ 7.126,00, na glassdoor; e
- R$ 7.208,08, de acordo com o portal salário.
Engenheiro de banco de dados
Trabalha desenvolvendo bancos de dados, atuando no planejamento, na criação e no gerenciamento destes sistemas. Conhecer o SQL, que é a principal linguagem para essa finalidade, é fundamental.
Como é uma profissão que demanda bastante estudo, seu salário médio é de acordo com a dedicação que se deve ter. Confira alguns valores:
- R$ 7.701,00, retirado do site vagas;
- R$ 7.000,00, de acordo com o talent; e
- R$ 7.429,00, segundo o glassdoor.
Por que aprender SQL?
Se você chegou até aqui, com certeza já compreendeu bastante sobre a importância e relevância do SQL. A linguagem é super utilizada no mundo da tecnologia e, a cada dia que passa, se torna mais requerida.
Os motivos para aprender essa linguagem de programação fundamental na utilização de qualidade dos bancos de dados são muitos. Veja a seguir alguns dos principais:
1 A linguagem é utilizada em vários sistemas
O SQL está presente em todos os espaços! Mesmo que as empresas que utilizam a tecnologia não sejam específicas de banco de dados, elas precisarão deste serviço para manter seus negócios impulsionados.
Grandes empresas como Google, Spotify, Uber, Netflix, etc, precisam dos dados para que seus serviços funcionem. O SQL é a terceira linguagem mais utilizada no mundo, ficando atrás apenas de JavaScript e HTML.
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2 Traz uma gama de novos conhecimentos para um programador
Apesar de existirem várias linguagens de programação, aprender SQL traz uma vantagem em relação às outras: seu uso é bem específico. Como tem uma função delimitada e diferente das demais, aqui você irá aprender aspectos do desenvolvimento que não verá em Java e Python, por exemplo.
3 O SQL se mantém relevante
Algumas linguagens de programação surgem, viram tendências e acabam sendo esquecidas com o tempo. O SQL já tem uma história que prova sua relevância, além dos dados que indicam o quanto é usado pelos desenvolvedores.
Como o trabalho com banco de dados cobra por linguagens específicas, é ainda mais seguro que o SQL irá continuar relevante. Mesmo sendo antiga, seu uso continua crescendo!
4 É simples de entender e aprender
Mesmo sem conhecer muito de programação, entender o SQL é uma tarefa fácil. Seu código utiliza palavras conhecidas do inglês, indicando de forma clara o que é feito em cada ação.
A sintaxe da linguagem também facilita por não contar com tantos componentes e comandos. O SQL não precisa de um código muito extenso para desempenhar o trabalho que deve ser feito.
5 Conta com um ótimo mercado de trabalho
Como já falamos no tópico anterior, conseguir um bom trabalho sabendo SQL não é difícil. Afinal, a linguagem é utilizada na maioria dos bancos de dados, que, por sua vez, está presente na maioria das empresas.
As remunerações também são altas, mostrando que estudar essa importante linguagem de programação oferece retorno. Somado a tudo isso, o SQL ainda mostra que deve permanecer em destaque.
6 O SQL é padronizado
De acordo com o que vimos na seção sobre o surgimento da linguagem, o SQL foi padronizado pelo ANSI e pelo ISO. Como durante seu início o código foi recebendo muitas modificações, hoje contamos com uma linguagem que atua com pouca variação, sem apresentar novas dificuldades ao desenvolvedor.
7 O acesso a informação se torna mais rápido
A quantidade de dados dentro de um sistema é enorme, ainda mais com o big data virando uma tecnologia cada vez mais forte.
Sabendo a melhor forma de utilizar o SQL, localizar informações em um banco de dados se torna simples e rápido, sendo muito mais eficiente do que seria no Excel ou com alguma forma não automatizada.
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Conheça 4 sistemas que usam o SQL
Existem muitos sistemas de bancos de dados, com a maioria utilizando o SQL como linguagem para seu funcionamento. Dentro destes, alguns se destacam pelos seus pontos fortes e por já estarem bem estabelecidos na área.
Eles são conhecidos como SGBDs, ou seja, Sistema Gerenciador de Banco de Dados. São softwares criados para manipular a informação ao ter contato com os bancos de dados. Veja agora 4 dos mais importantes:
1 MySQL
É um sistema bastante utilizado por pequenas e médias empresas, afinal, possui o código aberto e é gratuita a sua utilização. Além de ganhar muito espaço por ter uma licença livre, o MySQL também tem vantagem por ser compatível com os principais sistemas operacionais e por contar com uma comunidade muito forte, que oferece diversos suportes.
2 Oracle
É o líder quando o assunto é sistemas para bancos de dados, o que já indica que o Oracle é um dos melhores da categoria. Além de estar sempre se mantendo moderno e extremamente eficiente para permanecer na frente dos concorrentes, seu principal ponto é sua segurança e, por isso, é bastante utilizado no processamento de transações online.
3 PostgreSQL
É mais um programa de licença livre e com código aberto, sendo mais utilizado em aplicações web. Sua principal vantagem está em seguir a linguagem SQL mais à risca, pois as outras variam um pouco do padrão.
4 SQL Server
É o sistema criado pela Microsoft, rodando no Windows, podendo ser utilizado em softwares de consumidor ou em servidores web. Ele sai na frente quando o assunto é flexibilidade, facilidade na análise e armazenamento em nuvem.
Por fim, como aprender SQL?
Já falamos várias vezes durante o texto, e iremos repetir mais uma: aprender SQL é fácil! Essa é uma das linguagens de programação mais simples, entretanto, é preciso se dedicar para compreendê-la e conseguir utilizá-la com maestria.
O grande segredo do SQL é bem simples e funciona também para outras aprendizagens em nossa vida: é preciso focar na teoria e na prática. Veremos agora os 3 principais passos para aprender essa poderosa linguagem de programação:
1 Conheça a linguagem
De início, é fundamental saber para que serve e também um pouco dos detalhes da língua, para não precisar começar os estudos do zero. Esse artigo com certeza foi um bom primeiro passo para você, te deixando mais preparado para entrar no mundo do SQL.
2 Faça um curso
Você pode aprender apenas com texto e vídeos na internet, todavia, procurar um curso é a melhor alternativa. O investimento pode ser variado quanto a tempo e dinheiro; é possível ir de bootcamps até graduações da área.
3 Pratique!
O conhecimento precisa sair do papel e ganhar vida! É aqui que você verá se realmente está aprendendo, além de criar oportunidade de conhecer cada vez mais o SQL.
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