O que é lifelong learning e por que essa mentalidade é importante?

O tempo em que o aprendizado estava concentrado em um único lugar e tinha como função uma aplicação clara e individual já acabou. Hoje em dia, com a tecnologia à nossa disposição e o fácil acesso a novas informações e conhecimentos gratuitos, a educação se tornou, é possível dizer, ilimitada

É nesse contexto que o chamado lifelong learning começou a ganhar cada vez mais destaque. Também conhecido como “educação continuada”, esse conceito parte do princípio de que a educação é um processo contínuo, que escapa do ambiente tradicional e acontece de maneira flexível, múltipla e em diferentes momentos.

Essa mentalidade vem transformando a maneira como estudantes e colaboradores se colocam no mercado de trabalho — mas também em suas vidas pessoais. Por isso, aprender como ela funciona pode ser um importante diferencial. 

Ficou interessado? Então confira mais detalhes sobre o lifelong learning, sua importância e as principais maneiras de aplicar essa mentalidade na sua vida!

O que é lifelong learning?

De acordo com Gerhard Fischer, autor do artigo “Lifelong learning: more than training”, o lifelong learning pode ser pensado como um desafio cuja proposta é reinventar o futuro da nossa sociedade. Ele é, na verdade, uma mentalidade e um hábito: o de manter-se atualizado e interessado, adquirindo conhecimento de forma direta, organizada, colaborativa e sob demanda.

Em seu artigo, o autor destaca que o conceito de lifelong learning se torna essencial na sociedade atual graças ao dinamismo observado no mundo do trabalho e da informação. Dessa maneira, é preciso dar um passo adiante e pensar em outros modos de aprendizagem, sobretudo porque a dicotomia escola-trabalho deixa de ser dominante quando pensamos nas relações entre conhecimento e suas aplicações.

Com o desenvolvimento de tecnologias acelerado, o modo como aprendemos e treinamos novas habilidades também precisa ser repensado. O lifelong learning promove a ideia de que é necessário construir o hábito de aprender de modo recorrente, o que permite acompanhar as novas tendências e se adequar a elas.

No Brasil, a educação continuada surge principalmente no âmbito da área da saúde, mas se expande para outras áreas com o passar dos anos. O mesmo vale para o lifelong learning, afinal, hoje em dia, é muito difícil encontrar uma profissão que não se beneficie desse mindset — especialmente na área de tecnologia.

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Quais são os pilares do lifelong learning?

O lifelong learning se baseia no aprendizado a partir de fenômenos e situações reais, ou seja, que realmente permitam que um indivíduo aplique aqueles conhecimentos ao longo de sua vida. 

Os pilares do lifelong learning foram definidos pelo Lifelong Learning Council Queensland (LLCQ), uma organização australiana dedicada ao cuidado de instituições dedicadas ao lifelong learning. De acordo com eles, são 4 os principais pilares dessa mentalidade. Confira:

1. Aprender a conhecer

O primeiro pilar diz respeito ao aprendizado baseado em um desejo de saber mais. Isto é: “aprender a conhecer” significa ter vontade de desenvolver conhecimento sem que seja necessária uma situação específica que o motive. 

Pense, por exemplo, quando estudamos para o vestibular. Nesse cenário, somos levados a adquirir conhecimentos “rígidos” e sem aplicação efetiva, motivados somente por uma prova. 

No lifelong learning, quando “aprendemos a conhecer” ambas as coisas deixam de existir: o conhecimento passa a ser aplicável em nossas vidas cotidianas e ele é motivado por um interesse genuíno em saber mais sobre algum assunto. Assim, está diretamente ligado à autonomia.

2. Aprender a fazer

O segundo pilar do lifelong learning diz respeito a colocar em prática os conhecimentos adquiridos. Isso reforça o valor de coletividade dessa mentalidade, afinal, é a prática que permitirá a construção de algo que agrega valor ao indivíduo e também àqueles em seu entorno.

Outro ponto importante reforçado por esse pilar é o de saber lidar com situações desafiadoras e com o trabalho em equipe, melhorando o raciocínio lógico e a comunicação. Afinal, a prática de um conhecimento com frequência demanda a solução de um problema, facilitada pela união de várias pessoas.

3. Aprender a conviver

O terceiro pilar também diz respeito à noção de coletividade do lifelong learning. Afinal, ao viver em sociedade, é necessário desenvolver as habilidades de comunicação e resolução de problemas

Este pilar defende, portanto, a prática contínua de feedbacks e de processos dinâmicos, que não estejam necessariamente relacionados a uma hierarquia profissional. Com isso, as pessoas constroem maior segurança para expor seu ponto de vista e suas ideias, e também aprendem de forma coletiva a trabalhar rumo a um objetivo comum.

4. Aprender a ser

Por fim, o último pilar do lifelong learning se relaciona à autonomia do conhecimento que deve ser adquirido. Ela defende a busca por interesses próprios de maneira individual, seja através do estudo com a tecnologia, seja através da busca por outros grupos e mentores que também possuem aqueles interesses.

Dessa maneira, a pessoa pode explorar as suas habilidades e competências, descobrindo oportunidades de aprimoramento e também quais são os seus verdadeiros interesses. Isso promove autoconhecimento e segurança aos futuros profissionais.

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Qual é a importância do lifelong learning?

Gerhard Fischer destaca, em “Lifelong learning: more than training”, que a era da informação apresenta alguns pontos-chave para a continuidade da educação. Dentre os vários citados pelo autor, merecem destaque:

  • A falta de criatividade de inovação, competências essenciais na sociedade atual, e que, portanto, precisam ser desafiadas com frequência, favorecendo o seu desenvolvimento;
  • A inabilidade de lidar com mudanças, que começa quando nos preparamos para realizar uma função específica — quando, na verdade, mudanças como a transição de carreira são parte da vida — e termina quando sentimos que nos falta tempo para aprender coisas novas;
  • A ideia de que a informação não é finita, de modo que é necessário construir maneiras de adquirir, de forma eficaz e aplicável, novas competências e habilidades;
  • A ideia de que a tecnologia tem como principal função aumentar a qualidade da educação, embora também seja seu papel oferecer formas de diminuir os custos com a educação;
  • A noção de que a transição entre escola e trabalho não recebe o suporte necessário, e, portanto, é necessário oferecer ferramentas que apresentem a esses indivíduos conceitos essenciais para o mercado, como o trabalho em equipe, a criatividade e a capacidade de lidar com diferenças.

Nesse contexto, o lifelong learning aparece como uma proposta para promover essa nova maneira de educar: uma maneira que é recorrente porque entende que, ao longo da trajetória de nossas vidas, lidaremos com desafios únicos e precisaremos encontrar as ferramentas corretas para resolvê-los.

A importância dessa mentalidade reside, portanto, principalmente no fato de que ela prepara diferentes indivíduos para alcançar suas metas pessoais sem que, com isso, eles se sintam sobrecarregados. 

Como resultado, empresas e pessoas podem se destacar no mercado competitivo, se manter a par das mudanças desse mercado e se preparar para lidar — ou produzir — tecnologias ainda desconhecidas.

Quais são as vantagens do lifelong learning?

O lifelong learning é uma mentalidade que ultrapassa os limites da educação formal e, portanto, pode ser aplicada também no cotidiano dos indivíduos que desejam desenvolvê-la. Nesse sentido, ela apresenta uma série de vantagens. 

Para os negócios, essa mentalidade também é uma maneira de promover e desenvolver profissionais mais preparados para lidar com um mercado dinâmico e de mudanças frequentes. O conceito assume, então, um papel importantíssimo dentro de grandes e pequenas empresas. 

Confira, abaixo, as principais vantagens do lifelong learning!

Vantagens do lifelong learning para o indivíduo

Quando falamos em crescimento pessoal, o lifelong learning é uma maneira de auxiliar o desenvolvimento das chamadas soft skills: habilidades necessárias para a nossa vida, mas que não se relacionam com conhecimentos técnicos.

O lifelong learning promove, portanto:

  • Uma melhor comunicação;
  • A habilidade de resolução de conflitos;
  • A criatividade e a inovação;
  • A autonomia no processo de desenvolvimento pessoal;
  • A segurança para tomar decisões difíceis;
  • Maior inteligência emocional para lidar com feedbacks e pedir ajuda;
  • Maior adaptação ao mercado de trabalho.

A partir do desenvolvimento dessa mentalidade, o indivíduo é capaz de se tornar central no seu processo de crescimento e de construção não apenas da sua carreira, mas de toda a sua vida. 

Afinal, sempre é possível adquirir novos conhecimentos e esses conhecimentos são também parte de um processo de aprendizagem que não está descolado da realidade — ou seja, continuam sendo aplicados mesmo em diferentes situações.

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Vantagens do lifelong learning para o negócio

Para as empresas interessadas na adoção dessa mentalidade e na sua aplicação dentro do ambiente profissional, os benefícios também são bastante visíveis e dão um rápido retorno. Dentre eles, podemos citar:

  • Colaboradores mais motivados, uma vez que a empresa aposta no seu desenvolvimento integral;
  • Equipes mais dinâmicas e com menos conflitos, capazes de construir projetos multidisciplinares e de alto impacto;
  • Resultados mais palpáveis, possibilitados por profissionais antenados com o mercado e que tomam decisões baseadas em sua dinamicidade;
  • Projetos que levam em consideração novas tendências e têm maior chance de ser, portanto, um destaque na área;
  • Colaboradores mais criativos e determinados, capazes de encontrar soluções melhores e mais aplicáveis para problemas enfrentados no setor.

Ou seja: investir no lifelong learning como uma mentalidade no trabalho é uma maneira de investir, também, na valorização do negócio e no seu crescimento. A autonomia oferecida aos colaboradores possibilita a criação de equipes mais autogeridas e, por isso, com mais motivação e liberdade para alcançar bons resultados.

Como aplicar o lifelong learning?

Ainda de acordo com Gerhard Fischer, em “Lifelong learning: more than training”, é papel da tecnologia promover oportunidades e recursos para o desenvolvimento do lifelong learning. Dessa maneira, não raro são citadas como maneiras de aplicar esse conhecimento atividades como:

  • Cursos online;
  • Pós-graduação (stricto ou lato sensu);
  • Cursos de extensão na sua área; etc.

E, embora essas sejam ótimas formas de aplicar o lifelong learning, também é importante ressaltar que elas precisam se afastar do modelo tradicional de educação para que sejam fundamentalmente eficazes. Para Fischer, isso significa que:

  • É papel do indivíduo definir quais são os seus objetivos, e não da instituição de aprendizado ou do sistema que a guia;
  • O vocabulário, as ferramentas, as funções e as práticas aprendidas devem vir do ambiente profissional, onde são usadas com naturalidade;
  • As ferramentas aprendidas devem ser diretamente relevantes para ajudar na resolução do problema, ou seja, não devem gerar novas dúvidas;
  • Parte das ferramentas oferecidas devem ter como base a solução de outros problemas, o que promove o cruzamento de aprendizados: “se a solução x funcionou na situação y, então talvez também funcione na situação z”.
  • Apesar de o ambiente promover a educação, a maneira de efetivamente desenvolvê-la deve ser através de outras pessoas que já a possuem;
  • As interações entre indivíduos devem ser incentivadas, principalmente porque são a principal fonte de conflitos.

Desse modo, maneiras mais eficazes de aplicar o lifelong learning devem ir além do treinamento puro e simples, tendo como foco o verdadeiro desenvolvimento de uma nova mentalidade. São, portanto, atividades recomendadas:

  • O uso de sistemas de inteligência que oferecem conhecimentos básicos para lidar com um problema específico, fazendo com que o indivíduo pratique a solução de desafios;
  • A busca por uma tutoria com um especialista na área, que promove a troca de situações vivenciadas no mundo real;
  • A construção de ambientes de aprendizagem interativos e coletivos, que proporcionam a resolução de problemas complexos através do trabalho em equipe.

Para quem deseja desenvolver o lifelong learning de maneira autônoma, portanto, uma boa alternativa é recorrer a pessoas que já possuem o conhecimento do seu interesse e identificar maneiras de aprender com elas. 

Também é essencial buscar fontes de informação que se preocupem com a aplicabilidade desse conhecimento no dia a dia.

Já para empresas que desejam construir essa mentalidade em seus colaboradores, é necessário o esforço e o investimento em ambientes que promovem o desenvolvimento de hard e soft skills. Desse modo, o aprendizado se torna mais eficaz e aplicável dentro e fora do ambiente profissional. 

Esperamos que este conteúdo tenha te ajudado a entender melhor o que é lifelong learning e por que essa mentalidade é importante. Não deixe de conferir também curso gratuito online, bootcamp ou universidade? Saiba escolher!

Sirius Educação

Somos uma escola de tecnologia, digital e diferente do tradicional. Permitimos uma jornada de aprendizagem individual, voltada à prática e altamente conectada com o ecossistema de inovação. E o mais importante, temos um olhar humano para o desenvolvimento do aluno ou aluna, empoderando-as para o futuro.

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