Os jovens que estão indo para o ensino superior atualmente não se encaixam mais no mundo tradicional, em que o professor passa a matéria e aplica uma avaliação.
A geração Z, por exemplo, é muito conectada: tem acesso à informação o tempo todo e em grandes quantidades. Está aí a importância de falarmos sobre metodologias como o peer learning.
Hoje, os alunos precisam entrar em contato com novos estímulos e novas formas de aprender. Isso é necessário para permanecerem engajados nos estudos e conseguirem se desenvolver com efetividade.
Desta forma, as metodologias ativas surgem como uma solução para estimular os estudantes e inovar o ensino, mudando a maneira de as aulas acontecerem.
Por isso, neste artigo, vamos falar sobre o peer learning, uma metodologia ativa que foi criada na década de 1990, nos Estados Unidos, mas que gera resultados positivos até hoje.
Para saber mais sobre a metodologia é só continuar a leitura do artigo!
O que é o peer learning?
O peer learning, também conhecido como aprendizado entre pares, é uma metodologia ativa que faz com que os estudantes aprendam em pares ou grupos.
O professor pode ter vários métodos para montar esse grupos, seja por nível de facilidade e/ou dificuldade, ordem alfabética ou competências e habilidades de cada aluno, pensando em estratégias de desenvolvimento de questões específicas que precisam ser trabalhados.
Ao longo do artigo, vamos explicar com mais detalhes como colocar em prática esta metodologia.
O objetivo do aprendizado entre pares é fazer com que os alunos aprendam uns com os outros, saindo do método tradicional, em que só o professor é detentor de conhecimento.
Assim, faz com que os estudantes se sintam mais estimulados com os estudos, facilitando o aprendizado. Isso porque a troca de experiências é bem maior do que no método tradicional.
O peer learning é uma metodologia importante pois garante que os alunos:
- Pratiquem e apliquem o que foi aprendido;
- Ganhem conhecimento;
- Troquem ideias e absorvam outros pontos de vista.
O que são metodologias ativas?
Antes de falarmos com mais detalhes sobre o peer learning, vamos explicar um pouco sobre metodologias ativas. Desta forma, você entenderá mais a fundo a importância do aprendizado entre pares.
As metodologias ativas são maneiras mais atrativas e inovadoras de compartilhar conhecimento, fazendo com que os alunos se interessem mais pela aula. Consequentemente, o rendimento dos estudantes sobe.
O principal objetivo de uma metodologia ativa é fazer com que o aluno seja protagonista do próprio aprendizado. Ele é incentivado a desenvolver habilidades e competências, como autonomia, segurança e criatividade. Assume, portanto, uma posição mais ativa do que passiva.
De acordo com a teoria do psiquiatra William Glasser, chamada “Pirâmide de Aprendizagem”, os alunos aprendem mais nas formas ativas. O especialista criou a seguinte proporção para indicar as formas como as pessoas aprendem:
- 10% lendo;
- 20% escrevendo;
- 50% observando e escutando;
- 70% discutindo com outras pessoas;
- 80% praticando;
- 95% ensinando.
A discussão, a prática e o ensinar são maneiras ativas de aprendizado. Isso mostra como as metodologias são importantes e efetivas.
Com o seu uso, o aluno terá um preparo melhor e mais efetivo para enfrentar o mercado de trabalho e as entrevistas de emprego.
Desde o ensino ele conseguirá colocar em prática o que aprender, além de desenvolver características que serão importantes para o futuro.
As metodologias ativas também geram diversos benefícios para as instituições de educação superior (IES). Entre eles, está a melhora na qualidade do ensino, que aumenta a visibilidade das IES no mercado e também os resultados em termos de captação e retenção de alunos.
Outros exemplos de metodologias ativas são: gamificação, sala de aula invertida, aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem baseada em problemas e aprendizado entre pares, de que falaremos a seguir.
Quem criou o peer learning?
A metodologia do peer learning foi criada por Eric Mazur em Harvard, na década de 1990. O professor estava dando uma aula de física e viu que muitos alunos não conseguiram aprender o que ele estava tentando ensinar.
Os estudantes estavam com tanta dificuldade para entender a matéria que não conseguiam nem elaborar perguntas para tirar dúvidas.
Mas o professor viu que alguns alunos tinham entendido. Então, resolveu pedir que os estudantes que compreenderam a matéria conversassem com os alunos que estavam com dificuldade.
Deu certo! Todos começaram a dominar o assunto. Surgiu, assim, o aprendizado entre pares.
“O que a formação por pares faz é colocar a parte fácil da educação — a transmissão da informação — para fora da aula, e a parte difícil — dar sentido à informação — para dentro”, segundo o próprio Eric Mazur.
Como aplicar o peer learning?
Bom, agora você deve estar se perguntando como aplicar o aprendizado entre pares nas aulas. Confira a seguir!
O peer learning funciona da seguinte forma:
- Em primeiro lugar, o professor precisa disponibilizar um conteúdo, seja em texto, áudio ou vídeo, para que o aluno estude em casa até a próxima aula;
- Na próxima aula, o professor leva algumas perguntas sobre o conteúdo para que os alunos respondam.
E a estratégia de resposta pode ser em papel, sistema, ou de forma oral. Fica à escolha do professor, de acordo com o seu planejamento para a atividade;
- Dependendo da porcentagem de acertos e erros dos alunos, o professor ou faz uma breve conclusão sobre o assunto ou vai trabalhar mais o tema;
- Se a taxa de acerto for a partir de 70%, o professor pode concluir a matéria;
- Se a taxa for baixa, inferior a 30%, ou média, entre 30% e 70%, o professor volta ao tema e estimula os alunos a conversarem uns com os outros. Aqui, os estudantes poderão avaliar o tema a partir de diversas perspectivas e trocar experiências;
- Após a troca entre os próprios alunos, o professor aplica um novo teste e, assim, a taxa de aproveitamento tende a aumentar.
Seguindo os passos acima, o aprendizado entre pares pode ser aplicado a vários temas e em diversas matérias ao longo de um curso.
Dicas para aplicar o peer learning no ensino superior
A primeira dica para aplicar o peer learning é ter um planejamento de execução da metodologia. Ou seja, é necessário estruturar um projeto, decidir quais estratégias serão adotadas, em quais matérias, por quanto tempo e em quais grupos.
Isso tudo será importante para a mensuração dos resultados e o entendimento sobre a efetividade da aplicação da metodologia.
Confira mais algumas dicas para a aplicação do peer learning no ensino superior:
- Faça com que os pares ou grupos se revezem, pois isso estimula a troca de experiências diversas;
- Aplique a metodologia em todas as matérias que conseguir, independente da área de conhecimento: exatas, humanas ou biológicas;
- Faça um diagnóstico de habilidades e competências dos alunos antes de aplicar a metodologia, assim fica mais fácil pensar em pares que irão realmente se ajudar mutuamente;
- Misture essa metodologia com outras, como a gamificação, desenvolvendo algum tipo de competição saudável e recompensa. A junção de várias metodologias ativas ajuda no engajamento da ação.
Quais são os benefícios do peer learning?
Como já dissemos ao longo do artigo, os benefícios do aprendizado entre pares são diversos, tanto para os alunos como para a própria IES. Abaixo, iremos detalhar as principais vantagens de colocá-lo em prática.
Benefícios para o aluno
Confira agora quais os principais benefícios para os docentes durante a aplicação do peer learning:
Interação entre os alunos
O principal benefício dessa metodologia é a interação que ela proporciona entre os alunos. Com a troca no momento do aprendizado, eles podem se conhecer melhor e, assim, construir uma experiência positiva de compartilhamento de conhecimentos.
Desenvolvimento de competências e habilidades
Com o peer learning, os alunos poderão desenvolver diversas competências e habilidades, que serão muito importantes para o seu futuro no mercado de trabalho. É possível destacar algumas delas, como comunicação, confiança e criatividade.
Fixação do conteúdo
Outro benefício para o aluno é conseguir fixar o conteúdo estudado. Como o estudante terá que conversar sobre o tema com os colegas, a chance de consolidação do que está sendo estudado será muito maior.
Benefícios para a instituição
Agora, veja quais são as maiores vantagens para as instituições de ensino que aplicam a metodologia:
Qualidade do ensino
Com a aplicação de metodologias ativas na instituição, a qualidade do ensino irá melhorar, pois o aproveitamento dos alunos será maior, fazendo com que realmente aprendam. Assim, os temas poderão ser mais aprofundados.
Engajamento e estímulo
Como mostramos, as metodologias ativas engajam e estimulam os alunos. Ou seja, eles terão mais vontade de estudar e participar das aulas.
Este é um benefício para a IES, porque fica mais fácil reter os alunos até o fim do curso, ou até despertar neles o interesse em cursar uma pós-graduação na instituição.
Inovação nos estudos
As metodologias ativas em geral, não só o peer learning, trazem inovação para a IES, com novas formas de ensinar, aprender e avaliar. Apesar de algumas terem sido criadas há alguns anos, agora que têm sido realmente colocadas em prática. Por isso, representam uma inovação.
Visibilidade no mercado
Com todos os benefícios que citamos acima (qualidade no ensino, inovação nos estudos, assim como alunos engajados e estimulados), a sua IES ganhará visibilidade no mercado. Deste modo, irá se destacar diante da concorrência.
Captação e retenção de alunos
Com a visibilidade no mercado, a sua instituição de educação superior irá melhorar os resultados relativos à captação e retenção de alunos.
Novas pessoas serão atraídas e irão querer estudar na IES. Além disso, os alunos atuais desejarão continuar na instituição e talvez até voltar para fazerem outros cursos.
6 metodologias ativas para aplicar na sua IES
Para que você continue levando inovação e ensino de qualidade para a sua IES, separamos mais 6 metodologias ativas para você aplicar e, assim, melhorar ainda mais os resultados da instituição.
- Gamificação;
- Sala de aula invertida;
- Aprendizagem por problema;
- Estudo de caso;
- Ensino híbrido;
- Pesquisa de campo.
1. Gamificação
A gamificação é uma metodologia ativa que tem como base o uso de elementos de jogo, como competição, premiação e sistema de pontos. Tudo isso para fazer com que os alunos se engajem cada vez mais no assunto estudado, a partir de um grande estímulo.
É possível aplicar a gamificação utilizando recursos online — como quizzes — e offline — como gincanas —, de maneira teórica ou prática.
2. Sala de aula invertida
A sala de aula invertida consiste no conceito de fazer com que o momento de aprendizagem possa acontecer em qualquer lugar.
Com essa metodologia, é possível pensar em diversas formas de o aluno estudar, como a partir de sistemas online em que possa elaborar um trabalho de casa, por exemplo. Também é possível pensar em estratégias para que o próprio aluno conduza o seu aprendizado, tendo o professor como um mediador do processo.
3. Aprendizagem por problemas
Na aprendizagem por problemas, a finalidade é levar para os alunos um desafio, relacionado a uma determinada matéria, que precisa ser resolvido. Durante o processo, eles vão aprendendo na prática o que está sendo ensinado.
O professor pode montar cenários que vão aparecendo ao longo da tentativa de resolução. E esses cenários podem ser pensados para estimular algo específico.
4. Estudo de caso
O estudo de caso é parecido com a metodologia acima. Contudo, o aluno não vai precisar solucionar algo, mas sim analisar um desafio e os resultados que gerou.
Deste modo, poderá conhecer um caso real e entender como profissionais da área atuaram em determinada situação. O estudo de caso pode ser usado em provas, trabalhos e/ou discussões entre a turma.
5. Ensino híbrido
O ensino híbrido vai combinar o ambiente online ao offline, criando diversos ecossistemas de aprendizagem e também flexibilizando os estudos para o aluno.
Nesta metodologia, o aluno tende a controlar o ambiente online, conseguindo criar a sua jornada de estudos. Já no offline, contará com a orientação e mediação do professor e uma maior interação com os colegas. Poderá também tirar dúvidas e levantar discussões.
6. Pesquisa de campo
A pesquisa de campo é uma metodologia extremamente prática, como o nome já indica. Os alunos saem da sala de aula para vivenciar questões relacionadas à matéria que está sendo estudada.
Deste modo, eles têm a chance de entender melhor o contexto de sua futura profissão: quais são os principais desafios, os benefícios e como problemas e questões são resolvidos. Podem até mesmo desenvolver novas habilidades e competências neste processo.
Bem, esperamos que você tenha entendido o que é o peer learning, a sua importância e como aplicá-lo. Agora, confira 12 dicas para melhorar seu foco nos estudos e aprender mais!
Este artigo foi produzido pelo blog da Saraiva Educação!